Revista eletrônica

Já se passaram 100 anos!

23/04/2008 11:11

Fabrizio de Almeida Mastrorosa - 3o MB

 

Já se passaram cem anos da chegada de um povo que nos legou cultura, tecnologia, esportes, artes e até mesmo comidas diferentes. Estamos falando da cultura japonesa, que, com o passar dos anos, ganhou status, respeito e até mesmo um importante bairro, que hoje chamamos de Liberdade, um distrito da região central da cidade de São Paulo.

Esse bairro é o maior reduto da comunidade japonesa na cidade, a qual, por sua vez, congrega a maior colônia japonesa do mundo fora do Japão. A influência cultural pode ser sentida nas ruas de luminárias tipicamente orientais (onde até as placas dos estabelecimentos são escritas em caracteres orientais) e nas feiras temáticas que acontecem periodicamente. Lá se encontram diversos artigos típicos da cultura oriental e japonesa, sendo, então, um ótimo centro de compras desses produtos. Do distrito da Liberdade também fazem parte o bairro da Aclimação, que nos últimos anos tornou-se uma área de concentração da colônia coreana, e a região de várzea que dá nome ao bairro Várzea do Glicério, um enclave com população de baixo poder aquisitivo, além do bairro Morro da Aclimação.

Neste ano comemoramos o centenário da imigração japonesa, ou seja, cem anos que o Brasil recebeu as primeiras famílias japonesas. Devido à chegada desse povo, muitas coisas mudaram. Como será que foi essa chegada? Será que nós, brasileiros, recebemos bem esses imigrantes?

Tudo começou no dia 18 de julho de 1908, quando um navio japonês aportou em Santos trazendo 156 famílias japonesas. Foram as primeiras de milhares de outras que vieram trabalhar no Brasil, sobretudo em São Paulo. Essa imigração favorecia ambas as partes. O Brasil precisava de mão-de-obra para a lavoura do café, já que poucos anos antes o governo italiano tinha proibido a imigração para o Brasil. O Japão, recém-saído de uma guerra com a Rússia, passava por uma série de dificuldades econômicas, além do elevado índice de desemprego.

O começo foi difícil, uma adaptação que só seria esboçada a partir da segunda geração. O fato era que os primeiros japoneses se sentiam verdadeiros escravos e, além disso, sofriam uma atitude antinipônica por parte de segmentos da sociedade brasileira. Isso se fortaleceu durante a Segunda Guerra Mundial, porque, como se sabe, os dois países ficavam de lados opostos. No Brasil daquela época, era comum falar do “ Perigo Amarelo”, pois parte da elite brasileira tinha um projeto de branquear a raça, e a presença de japoneses não serviria a esse propósito, por isso, antes da guerra, uma emenda à Constituição limitou a entrada de japoneses no Brasil.

Em meados da segunda metade do século passado, a situação se inverteu. O Japão se tornou uma potência e o Brasil, a partir dos anos 1980, viveu um período de fraco crescimento e até mesmo de estagnação, uma situação que foi agravada por diversos planos antiinflacionários, quase todos eles frustrados.

O resultado foi que milhares de descendentes japoneses foram tentar a vida na terra de seus pais e avós. Eles eram chamados de “decaféis”, o que em japonês significa trabalhador temporário. Hoje esse movimento do pêndulo migratório tende a parar, porque, em primeiro lugar, o interesse de ambos os países já não é tão grande assim. O Brasil retomou o crescimento econômico, ainda que modestamente, e o Japão, embora continue sendo uma grande potência, tem limitações no seu crescimento. Além disso, os brasileiros descendentes de japoneses, ao contrário das gerações anteriores, estão integrados à sociedade brasileira. De qualquer maneira, a legislação não dá à quarta geração que vive fora do país, ou seja, a geração dos atuais adolescentes, o mesmo direito de trabalhar no Japão.

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